Bambozzi
Nasci e cresci no interior de São Paulo, na cidade de Matão. Sempre gostei de desenhar e pintar, claramente influenciada pelo meu artista preferido até hoje – meu pai, um cara que sempre fez desenhos incríveis, mesmo sem ter estudado arte. Foi ele também que me apresentou o movimento Surrealista e o pintor Salvador Dalí e acredito que neste momento nasceu todo o meu encantamento pelas artes visuais.
Quando cresci, decidi cursar a Faculdade de Direito em São Paulo e acabei me tornando advogada, mas nunca perdi o interesse pela arte. Quando terminei a faculdade, me sentia incompleta e comecei a desenhar e pintar aquarelas quase diariamente como hobby. Foi quando algo irrompeu dentro de mim como um chamado, eu precisava me assumir artista.
Fiz um curso de curta duração de História da Arte, mas não foi o suficiente. Me matriculei em Artes Plásticas na Escola Panamericana de Arte e Design e, desde então, tenho desenvolvido diariamente novos olhares, direcionados à mim e ao meu exterior, olhares que tem refletido diretamente na forma como vivo e como desenvolvo meus trabalhos.

Tento experimentar de tudo quando estou criando, aquarela, tinta acrílica, grafite, recortes, pastel, linhas, tecidos, arame, folha de ouro, fotografias... qualquer achado na gaveta (acumuladora que sou!) pode acabar participando da composição.
Algo que gosto bastante de testar também são as possibilidades de cada ferramenta e os meus limites internos, sempre tento sair da minha zona de conforto para obter resultados diferentes com o mesmo material. Acredito que o principal exemplo disso é a minha relação com a aquarela, sempre fiz ilustrações contidas e buscando um certo realismo, mas quando consegui me soltar e deixar a água fluir, escorrer, misturar, respingar, acabei gostando muito mais do resultado final.

Atualmente a minha principal fonte de inspiração é o universo feminino, principalmente a diversidade de formas do corpo da mulher. Trechos de livros, memórias afetivas e uma busca constante por auto conhecimento também sempre permeiam meus rabiscos.
Tenho treinado muito o meu olhar para ressaltar a beleza do ordinário, para ressignificar o modo como vejo traços, formas, linhas, cores e demais pequenezas que se perdem pela cidade e pela rotina. Folhagens, manchas na calçada, a forma como a luz incide sobre determinada coisa, a sombra que a cortina do escritório faz no carpete, um objeto abandonado em uma caçamba na rua de casa e por aí vai.


Na maioria das vezes é baseado em inúmeras anotações e referências que acumulo no meu sketchbook, que não sai da minha bolsa por nada nesse mundo! Cada obra é fruto de alguns estudos que vou amadurecendo com o tempo, testando materiais, cores, mas acho que depende muito também do momento que eu estou vivendo.
Apesar de quase sempre esquematizar tudo antes da execução, às vezes gosto de experimentar sem muito compromisso, de uma forma mais livre e despreocupada. Parece meio manjado, mas vez ou outra tenho algumas ideias que simplesmente vem a tona e saio correndo para anotar ou fazer alguns esboços.
A rotina é sempre muito caótica, mas tento todos os dias fazer algo que me alimente artisticamente, nem que seja por alguns minutos. Pode ser ler um livro, assistir um filme, fazer alguns rabiscos intuitivos, testar um novo material que alguém indicou.
Além disso, algo que me preenche muito é acompanhar as exposições que estão acontecendo na cidade, estou sempre de olho nas programações de Museus e Galerias para conhecer novos artistas. O Pinterest e o Instagram ajudam também!


A minha série “Emaranhado” de colagens com linha é o meu trabalho preferido até agora, acredito que seja porque comecei a montagem de uma forma muito despretensiosa. Por necessidade de espaço, resolvi recortar tudo o que achava interessante das revistas que tinha acumulado em casa e montei uma caixa com diversos recortes aleatórios. Numa tarde de domingo, abri esta caixa e fui montando algumas colagens, sempre buscando uma solução diferente para o entrosamento dos recortes e das linhas. Foi a partir do desenvolvimento dessa série que comecei a realizar mais trabalhos e perceber como minha arte era recebida pelas pessoas.
Não posso deixar de considerar também um recente trabalho que fiz para uma exposição na faculdade. Fiz uma Assemblage cujo tema foi a minha avó que já faleceu, Ofélia. Remexendo fotos antigas e objetos que ela deixou, montei um trabalho sobre perda, saudade e memória, que teve um significado bastante forte pra mim.


No começo de 2017 fiz algumas aulas de ilustração e processo criativo com a artista plástica Catarina Gushiken. Já tinha feito um workshop com ela em 2012, então sabia que seria maravilhoso. A Cata abriu meus olhos para muitas possibilidades artísticas, me fez experimentar técnicas diferentes e me apresentou referências incríveis que vou levar comigo para sempre. Mas, mais que isso, as conversas que tínhamos durante as aulas me fortaleceram como artista e fizeram com que eu me relacionasse com o meu trabalho de um modo muito sincero. Foi uma vivência que realmente fez com que a arte deixasse de ser apenas um hobby na minha vida.


Impossível responder essa pergunta! Minhas referências são tão variadas e estou sempre procurando novos artistas, então acho que tudo o que me cerca acaba me influenciando de algum jeito. Quando se treina o olhar para encontrar a beleza em todas as coisa, cada detalhe pode ser uma fonte de inspiração.
Hoje ando muito encantada com os traços do Matisse, as cores de Pegge Hopper, a transcendência de Hilma af Klint e as formas de Henri Laurens, mas amanhã mesmo estes nomes já serão outros!


Sem dúvida, sim. Eu sinto isso em todos os lugares e acredito que exista em todas as profissões. O machismo ainda é algo muito presente na sociedade e precisa ser combatido diariamente e a todo momento. Entretanto, nos últimos anos tenho visto muitas mulheres artistas juntando forças e vozes para lutar contra isso e esse projeto é um exemplo maravilhoso!
O que me faz mais feliz nesse mundo é estar rodeada de pessoas que amo e admiro, ter tempo para fazer o que gosto e dias de sol e céu azul.


Coragem, queridas! Confiem no trabalho e na mensagem que vocês transmitem com ele. Acho que todas ficamos desanimadas em algum momento, seja pelo mercado complicado, crises criativas e, principalmente, pelo fato de que no processo nem tudo sai conforme planejamos. Aceitem que as expectativas serão quebradas, acidentes acontecem (e podem ser exatamente o que vocês precisavam no momento!) e acreditem na arte que emana de vocês com todo o coração.
Recentemente recebi uma proposta de parceria irrecusável para trabalhar com algo que nunca imaginei antes! Até o fim do ano eu e uma amiga iremos lançar uma marca de roupas slow fashion cheia de poesia e afeto e bastante diferente do que se vê por aí. É um mercado totalmente novo para mim, mas está sendo incrível e bastante desafiador poder explorar minhas criações em novos suportes e com uma nova finalidade!
Não posso me estender muito neste assunto ainda, mas convido todos a acompanhar um pouco do que venho criando no meu Instagram pessoal e no meu Instagram profissional.
