Hoffmann
Sou artista plástica com formação em design gráfico. Trabalho principalmente com pintura há mais ou menos dez anos. Nesse tempo já realizei exposições individuais e coletivas em lugares como São Paulo, Rio de Janeiro, Taiwan, Londres, Coréia do Sul, Espanha e Finlândia. Trabalho também como designer e ilustradora freelancer.

Desenho e pintura, basicamente.
Cidades, construções e desenhos arquitetônicos, fotografia, distorções de percepção da imagem, design gráfico urbano... Partindo de um lugar da pintura e do desenho, me interessa o achatamento dessas imagens e os ruídos que algumas dessas sobreposições provocam.

Tento ser organizada e dividir o processo em pequenas partes. Para trabalhos comerciais de ilustração é mais fácil pensar em termos de prazo, resultado final... Mas na pintura o processo acaba sendo mais intuitivo e menos calculado. Sempre começo desenhando, a partir de algum grupo de imagens e ideias de referências que eu salvo e anotações e que vão nortear o trabalho. A parte da pintura é mais lenta e adicionada aos poucos, em um processo que envolve projeções, photoshop, mistura de tinta e muita paciência, basicamente.


Tento desenhar o máximo que posso, sempre carrego um caderno comigo. Também me preocupo em ir atrás de novas referências, lendo, vendo filmes, indo à exposições e shows. Fora isso, acho que tentar não ser sugada pela burocracia da vida também já é uma forma de resistência dessa criatividade, hehe.

Exposições individuais são sempre os projetos mais empolgantes pra mim, pois dão a possibilidade de expandir um pensamento em uma série de modos que um ou dois trabalhos apenas não dão conta. Todas que fiz até hoje sem dúvida foram projetos preferidos.
No ano passado também fiz um projeto bem legal, ilustrei um livro infantil com a editora Ubu. Foi interessante trabalhar pensando em um público tão jovem (de três a cinco anos) em um projeto que tinha um conceito bem psicodélico. E o livro ficou com acabamento gráfico incrível - se chama “Jacaré, não!” e é de autoria do Antonio Prata.


Em 2008 eu participei de um salão no Museu do Trabalho em Porto Alegre, chamado A Novíssima Geração. É um salão para jovens artistas da cidade que promove uma exposição individual para um artista selecionado. Esse prêmio foi uma oportunidade bem legal de incentivo à minha produção, que me levou à exposições e trabalhos posteriores.
Me inspiro muito em recortes de pintura e arte naif, fotografia urbana e design gráfico. Alguns artistas que admiro são Walker Evans, Ed Ruscha, Henri Rousseau, Robert Crumb, Henry Darger, L. S. Lowry... Acho que de algum modo meio louco esses artistas transitam entre essas três coisas que eu mencionei e isso se reflete no meu trabalho inevitavelmente.


Não sinto exatamente um preconceito de expressão no meu trabalho, mas sinto que existem bem menos mulheres artistas representadas por galerias, por exemplo. Embora na universidade essa divisão seja praticamente igual, é de se pensar o que faz o mercado de arte funcionar desse jeito. Também existe uma vontade de tachar o trabalho de feminino muitas vezes, embora o rótulo “masculino” seja muito raro para artistas homens.
Música.

Continuem trabalhando e indo atrás de novas referências, estudando e se aperfeiçoando. Mas não sei se essa é uma dica especificamente para mulheres.
Ando fazendo algumas pinturas com colagens de grande formato e espero ter uma série delas logo mais. Também estou fazendo um zine que eu espero imprimir ainda esse semestre.
