Fernandez
Desde a infância gosto de usar a criatividade e transformar o que está a minha volta. Percebi cedo que tinha destreza manual e que isso me permitia experimentar diversas técnicas e combiná-las. Era comum presentear as pessoas com os objetos que eu fazia e isso me dava um enorme prazer.
Como Arquiteta de formação, enriqueci meu repertório formal e estético e aprendi a relacionar os objetos no espaço de uma forma mais intelectualizada. Desenvolvi na prática do Yoga uma relação profunda entre os estados da mente e corpo. Descobri que o silêncio é fértil.
Em 2015 a marca que leva o meu nome nasceu de forma completamente intuitiva. E assim continua até hoje. Percebo claramente a conexão entre os saberes e a importância de viver experiências diferentes e não resistir ao movimento da vida.

Utilizo as que possibilitam um contato mais direto das mãos com a matéria. Pouca interferência. Gosto de tocar nos objetos e senti-los. Fios e agulhas são os meus preferidos. Me expresso também através da escrita, dos desenhos e da forma como organizo os objetos no espaço.
A troca com o outro. Gosto de me comunicar através dos objetos que faço. Minhas inspirações estão relacionadas com o que tem significado para mim; as artes e suas diferentes linguagens onde vejo expressa a potência da vida e a vida prosaica onde os momentos simples do cotidiano apenas são.
Me relaciono bem com a intuição. Gosto da prática, da vivência, da experimentação. É necessário que haja conexão entre o que sinto e o que faço. Valorizo o tempo no processo criativo. A construção e a desconstrução são fundamentais para alinhar a ideia com o resultado final. Acredito que o material tem desejo. Ele mostra o caminho. Geralmente começo com a escolha da matéria prima e, a partir desse contato, absorvo suas características. A escolha da técnica na criação da peça interfere e orienta o processo.
A prática da criação no ateliê me mantém sensível e me possibilita um estado de presença que acredito ser fundamental para fazer boas conexões. Estas alimentam as próprias criações.


Todos os projetos são importantes porque fazem parte da minha história. Há uma relação especial com cada um deles pois se deram em momentos diferentes possibilitando crescimento pessoal e profissional.


Sim, tive diversos momentos importantes durante minha trajetória. Um deles foi a abertura do meu ateliê. Fiz o projeto de arquitetura pensando em cada detalhe e criei naquele espaço uma atmosfera pessoal que interfere diretamente nas minhas criações. Percebo quando as pessoas entram no ateliê, é feita uma relação direta com as minhas peças e me reconhecem ali. Isso é importante pois reforça meu trabalho autoral.

Eu cresci cercada de objetos criativos e fortes. Desde artesanatos indígenas a objetos de designers, muitos livros e música brasileira. Sem dúvida, o ambiente me influenciou e foi determinante na minha formação.
Ao ler um livro da Clarice Lispector na infância, me emocionei profundamente e tive a clara percepção do poder das palavras. Foi marcante. No meu trabalho, me alimento com as palavras pois elas despertam a imaginação e com elas identifico minhas emoções.
Ter contato com a obra de Lina Bo Bardi foi fundamental para minha formação pessoal e profissional! Tive o privilégio de trabalhar na Casa de Vidro e mergulhar em seu universo criativo. Uma artista extremamente sensível e multi-talentosa.
Por fim, me identifico com filosofia oriental. Ela é rica em ritos, símbolos e significado. Percebo sua influência na forma como expresso minha subjetividade nas criações.

Sim, o preconceito existe. Até o momento não me senti afetada em meu trabalho.
Exercitar a liberdade, o poder de escolha. Ter consciência das coisas e saber lidar com os problemas. O amor.


Se conhecer é fundamental. Gostar de quem se é. E depois, ter a coragem de se expressar.


Atualmente tenho uma parceria com a designer Fernanda Spilborghs. Nossa Linha de joias chama-se Diálogos. Há meses nos reunimos e somamos nossas experiências de uma forma leve e fluida. O processo é muito inspirador porque na relação que estamos construindo a troca é valorizada. Isso se reflete na criação das peças. Estamos felizes com o resultado da nossa primeira linha e com o desejo de continuar. Paralelamente continuo criando novas peças para o ateliê e incluindo novas técnicas como a tecelagem manual.
