Bollini
Tudo começou na faculdade de Artes Plásticas, nos anos 90, em Buenos Aires. Estávamos fazendo um exercício na aula de escultura e o professor me sugeriu fazer a minha peça na técnica do papel machê, já que na época não tinha dinheiro para fazer em outro material. Eu pensei: uma escultura em papel? Desde esse dia, já fazem mais de 20 anos que trabalho com papel, não parei mais. Me apaixonei pelas possibilidades que o material me dá.
Depois vim visitar a Bienal de São Paulo, em 1994 , e voltei para morar no ano seguinte. Criei raízes em São Paulo, onde tenho um filho de 19 anos.

Trabalho com papéis de diferentes tipos, re-aproveito muito material, de embalagens principalmente. Também uso arame para as estruturas, e sucatas, como pedaços de madeiras para bases ou alguma junção.
O papel é como uma "pele", ele recobre formas e se expõe. Pode ser frágil e forte ao mesmo tempo. É um material muito nobre e fácil de encontrar. Para mim o que outros acham que não serve, serve!



As características que AMO no meu trabalho são o DESAFIO e a TRANSFORMAÇÃO através do material, que para mim, fornece infinitas possibilidades. Me motiva poder me expressar e me comunicar com o público. A surpresa de que com um simples material, posso dar vida à uma escultura ou objeto único.
Me inspira ver trabalhos de outros artistas onde a autenticidade e manejo de cor e forma tem um equilíbrio. Tudo que tem ALMA me inspira.


Meu processo criativo é quase sempre caótico. As ideias vem às vezes todas juntas e isso cria uma ansiedade muito grande. Outras vezes, vem sem tanto esforço. Mas é porque antes teve uma crise de criação com muito trabalho prévio, chega a ser desgastante às vezes.
No meu caminho descobri que a musa inspiradora não é tão romântica assim. Ela chega nos momentos menos esperados, no chuveiro, dirigindo ou antes de dormir. As ideias flutuam no ar e sou uma "antena". Tem dias que me desconecto totalmente, que nada vem; como tem dias que são muito felizes. Estes momentos fazem parte. As séries que mais gosto nasceram de dias não tão felizes.
Tenho caixas de sucatas e papéis, e de flores que me inspiram às vezes. Podem parecer lixo, mas são meus tesouros.
Não faço nada em especial. Se não consigo criar saio do ateliê, vou a um parque ou procuro ter algum contato com a natureza.
Depende do momento que estou vivendo. Há pouco tempo foram a série das "Florescidas ". E a série "Dona Vida " (mulheres que florescem, e que levam seus lares nas saias) cada uma conta uma história, ou algo que me marcou.


Tudo que acontece sempre influência meu trabalho, tive momentos de muita mudança, de morrer, de renascer, de semear, de florescer. E a partir daí nasceram várias séries, os carros por exemplo, peças bem antigas, apareceram quando comecei a dirigir, e tal vez na época que estava começando a minha independência pessoal e profissional.



As influências variam de acordo com a minha ligação do momento.
Admiro o trabalho de vários artistas, em muitas aéreas de atuação, ilustração, moda, cinema, escultura, mestres da pintura, etc etc.
A minha principal inspiradora é a natureza, uma paisagem, um cogumelo escondido no mato, alguns cheiros, lembranças da infância... Ou pode ser uma música, um filme, uma palavra, uma caminhada.


Trabalho principalmente temas femininos e tenho contato através dos workshops e com clientes principalmente mulheres. Vejo como nós, as mulheres, conseguimos muitas vitórias, mas ainda nos falta muito caminho para andar, barreiras para quebrar... Enxergar além do visível é uma delas. Seguir mais a nossa intuição, com atitude e amorosidade. Escutar e nos expressar sem medos, sem culpas, saber dizer NÃO .


Estar com meu trabalho me faz muito feliz. Ser valorizada pelo meu fazer, comentários, abraços e olhares dão força e animam a continuar. Esse retorno é muito importante. Trocar e escutar ideias, críticas e projetos com amigos e clientes. Ter uma boa relação com quem trabalho também é importante para mim, a calidez, transparência e sensibilidade com quem me relaciono. Deitar e ver o céu num dia de sol na primavera, pode parecer clichê, mas eu amo! Ter saúde, prosperidade e ser grata pelo presente da vida.


Criar seu próprio trabalho e fazê-lo em forma amorosa, sincera, estar aberta para aprender, trocar, pesquisar e ensinar.
De não ter medo de errar, os erros são bons, eles nos ensinam e nos mostram novos rumos.
Estou em fase de elaboração de um novo projeto, com algumas mudanças onde visualizo personagens mais limpos, sem tanto ruído. Logo logo verão!
FOTO DO PERFIL/DIVULGAÇÃO POR GLEICE BUENO