Muito prazer, sou a Ju.na!
Sou mãe da Lara, apaixonada pela vida e suas relações, pela natureza, artes e universo infantil. Minha formação oficial é gestão, design e inovação e me descobri “artista” há pouco tempo. Esse lado mais sensível e criativo adormecido aflorou com o nascimento da minha filha, Lara. Desde então, um novo campo se abriu em minha vida, muito mais colorido, mágico e belo. A Lara despertou em mim o meu lado mais lúdico, sensível e amoroso de peixes que estava encoberto pelo sol duro e objetivo de capricórnio. E durante sua evolução e crescimento, fui também descobrindo a pureza, beleza, e magia dos desenhos infantis. Ela despertou em mim esse olhar, essa inconformidade de ver essa arte maravilhosa dos desenhos infantis guardados na gaveta e armário e que de alguma forma precisava expor mais ao mundo.
Assim nasceu a minha inspiração para me expressar artisticamente. Brinco que dou asas à arte das crianças, libertando-as das gavetas e caixas, transformando traços, cores, formas e personagens numa nova história - numa nova obra.

A matéria prima da minha arte são os desenhos das crianças que vão desde 2, 3 anos até quando elas param de desenhar. A minha técnica é a mista, ou seja, uso ferramentas de recorte (tesoura, estilete, etc), colagem, pintura (tintas, pincéis, mão, etc), desenho (lápis, giz, tinta, etc). Uso como estrutura quadros e painéis para fazer a obra. Também tenho um quadro magnético bem grande de 2m onde faço as composições.

A principal motivação para minha arte é a beleza, pureza e magia dos desenhos infantis e tudo referente ao universo infantil. Acho a arte infantil maravilhosa e fico inconformada dela ficar “escondida”. Pois todos os pais/mães fazem a mesma coisa: recebem aquelas pastas com os tesouros das escolas e não sabem o que fazer com tanto desenho. Acabam guardando dentro de uma caixa até que decidem jogar fora ou continuar guardando sem destino. Resignificar o desenho infantil, dar luz e vida, sob um novo olhar. Isso é o que me move artisticamente.


Agora a inspiração vem na minha relação comigo, com o outro e com o todo. É a minha “conexão espiritual” com o todo, com o cosmos, que me faz ver a beleza na vida. Já dizia o poeta espanhol Ramón de Campoamor “a beleza está nos olhos de quem vê”. Eu me inspiro e vejo beleza em quase tudo: seja num céu de final de tarde desenhado com as nuvens, na delicadeza e perfeição de uma rosa vermelha, no aconchego e cheiro de um abraço na minha filha. Estar mais consciente do viver no “aqui e agora” me abriu um campo sensorial e espiritual que não tinha desenvolvido. Isso é inspiração na veia! A música também tem um papel fundamental de conexão com minhas emoções e meu olhar. Ela vive em mim e eu vivo nela. E, claro, a minha filha, que é minha inspiração e mestra nessa jornada. Mas não fujo também do pacote básico de exposições, conhecer outros artistas, viajar, que são outras formas de inspiração.

Tudo começa quando uma determinada família entra em contato comigo para fazermos uma parceria para criarmos obras com os desenhos dos seus filhos ou até mesmo seus próprios desenhos (guardados há mais de 30 anos!). A partir daquele momento já começa a nossa relação com o universo dos desenhos: colho histórias, expectativas, emoções que emergem das artes guardadas por anos no armário. Eles chegam em caixas, pastas, muitas vezes meio bagunçados e desorganizados. Começo então a fase de descoberta, onde categorizo os diferentes tipos de desenhos e seleciono os que mais me chamam atenção. É um processo muito intuitivo, não há regras, nem formatos pré-estabelecidos. Com os desenhos escolhidos é hora de digitalizá-los, assim a família terá um exemplar para guardar já que o original será alterado com a minha intervenção artística. Depois de escolha e digitalização, começa a fase de intervenção criativa com técnica mista. Cada desenho me chama para uma determinada criação e técnica, seja de recorte, colagem, pintura, ou outra. Faço a obra, finalizo e emolduro. E o resultado é maravilhoso, pois eles se transformam de “engavetados e escondidos” para “pendurados e com uma nova expressão”.


Acredito muito que a conexão com o seu “verdadeiro eu” te permite vivenciar a criatividade de forma mais plena. Quando você se dá a oportunidade de se redescobrir e tirar os véus, e tem a coragem de ser quem se é, você vive mais criativamente. É a base para ter uma vida mais criativa, sem bloqueios, amarras, inseguranças ou medos. Não é um processo fácil que acontece do dia para a noite, mas é um processo maravilhoso e de libertação. Essa conexão despertou em mim uma vida muito mais criativa.
Além disso, acho que estar atenta a todos os estímulos que a vida nos traz e estar presente no “aqui e agora” são fundamentais no dia a dia. E isso é um grande desafio atual dentro do mundo hiperbólico que vivemos. Ter essa consciência e vivê-la é o que busco diariamente.
Outro ponto é o fato de transitar em diferentes mundos, do business a arte, me traz uma diversidade de olhar, o que me ajuda a ser mais inovadora e criar conexões diversas.
Além disso faço uso de algumas técnicas, como o “the morning pages” e “artist date”, por exemplo, da Julia Cameron no livro: “The Artist´s Way – A Spiritual Path to Higher Creativity. Ótimo para aflorar a criatividade no dia a dia.


Não tenho um projeto ou trabalho preferido. Todos são especiais na medida que são únicos e trazem um contexto diferente e singular. Essa é a beleza da história: a diversidade da relação de cada criança e família com seus desenhos e o universo da arte.


Estou muito no início de um novo ciclo da minha vida, então tenho pouco tempo ainda para ter marcos relevantes. Mas diria que teve um em especial, que foi quando criamos o nome para meu trabalho numa mesa de bar com algumas amigas: ju.na: dando asas à magia do desenho infantil. Ele foi muito simbólico e de certa forma, me deu impulso e coragem que precisava para contar para o mundo o que fazia. E desde então Ju.na só tem crescido. Me empolgo e me alegro a cada nova pessoa que conhece meu trabalho e se interessa em tirar do armário seus desenhos!
Nossa, são muitas influências e inspirações e só estou no começo. Elas vão desde, por exemplo, a minha filha e outras crianças, amigos próximos a meus mentores artísticos. Claro que há também os artistas mais conhecidos. Gosto muito da Julia Cameron, que para mim é uma referência maravilhosa sobre o lugar da arte na nossa vida. A visão dela de conexão da arte com espiritualidade é muito especial. Me identifico muito também com artistas como Vik Muniz, Robert Rauschenberg, Picasso pelas suas histórias, essência e estética do trabalho.


Felizmente não sinto isso no meu trabalho, mas sim, acredito que existe ainda um resquício de uma sociedade patriarcal onde a mulher e o feminino não têm o mesmo espaço e importância do homem. Isso é uma realidade de vários territórios e não está restrito somente ao contexto da arte. Mas felizmente as pessoas e a sociedade estão mudando muito e uma nova lógica toma lugar. Basta ver todos os movimentos que emergem atualmente. Isso é maravilhoso e acredito que é uma questão de tempo para vivermos totalmente uma outra realidade daqui uns anos. Onde todos possam se expressar e ser o que realmente são, independentemente de suas escolhas e crenças. Há lugar para todos. Há lugar para o humano, independente do gênero, crenças, valores. É o humano que precisamos honrar mais, ser e viver.
Nossa, estar viva me faz feliz e agradecer. É um estado de espírito. Ter a sorte de viver nesse momento, nessa realidade de espaço e tempo que estou. Então tudo vira motivo de estar feliz: desde poder pegar a minha filha na escola e dar aquele beijo e abraço, poder mergulhar no mar e agradecer pela generosidade da natureza, conseguir achar meu caminho para expressar a minha essência nessa jornada. Infinitas possibilidades de ser feliz! Claro que existem desafios na nossa vida, e ainda bem que eles existem, senão ia ser meio sem graça. É aquela história que é preciso vivenciar a chuva e escuridão para valorizar o sol e a luz. Tudo é uma questão de perspectiva. A vida é muito generosa comigo.


Tem um texto que escrevi há um tempo atrás que reflete muito a minha visão de mundo e a minha busca para sermos seres mais “criadores e criativos”.
Diria para elas: silencie, entre no vazio, para conectar com seu coração e fazer emergir a sua intuição. Busque o sentido e significado para si. Essa vida é sua e o que você fizer dela é sua única e intransferível responsabilidade. Então tenha a coragem de ser quem você é e confie mais em você e na magia da vida.

Como estou no início de um novo ciclo e jornada, tenho muitos projetos no campo das ideias. O universo de arte infantil é muito fértil e há infinitas possibilidades. Estou muito empolgada e energizada com essa descoberta. Tive um sonho, um insight, na minha última viagem e que quero fazer acontecer. Talvez eu seja um instrumento para essa ideia vir ao mundo. Mas ela está muito embrionária e quero dar mais atenção e carinho para ela nesse desenho antes de divulgá-la. Em breve espero ter mais histórias para contar.
