Rosengarten
Acho que o ponto inicial de tudo isso foi a faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Eu amo me expressar através das formas, vejo poesia na matéria. Porém, apesar de gostar muito de projetar e do ofício da arquitetura, sentia que me faltava a parte tátil de criar, de pôr a mão na massa mesmo...
Fiz alguns cursos de marcenaria ao longo da faculdade, e durante o período que fiz intercâmbio para a Itália, comecei a pensar que poderia ter um projeto paralelo que fosse além do acadêmico.
A partir disto surgiu o Estúdio Volpe. A ideia de ser um estúdio de joalheria foi pelo interesse de criar peças que as pessoas usassem como meio de expressão própria. E o resto foi, e ainda é, correr atrás de sempre evoluir em qualidade, forma e originalidade.

O croqui é fundamental no início do processo, mas a matéria-prima é principalmente a prata e a madeira.
Sinto uma necessidade enorme de botar para fora meus pensamentos e materializar eles em formas, acho que tudo isso me faz me sentir completa. Ou ao menos no caminho certo.
A inspiração pode vir de tantos lugares... uma música, uma pintura, uma flor... às vezes até de palavras. Acredito que a inspiração é etérea e muito particular.
Meu processo criativo vem muito da tentativa e do erro, de ir fazendo sem ter uma forma final na cabeça. O principal é estar aberta à resultados e possibilidades, ir moldando e refletindo. Eu gosto muito da imprevisibilidade dos materiais.
Meu ateliê é cheio de peças que não foram expostas à venda, mas eu não acho que elas deram errado. Todas me ensinaram alguma coisa, seja sobre o limite do material ou proporções. São todas igualmente importantes.
Eu ando sempre com um caderno para não perder nenhuma ideia que possa vir em momentos inesperados. A criatividade parece amar um vagão de metrô lotado.


Gosto muito do Anel Duna. Ele foi a primeira peça que eu senti que consegui afirmar a poética que queria. Ele tem a questão da dualidade de materiais, a prata e madeira, mas perde a obviedade com a forma esculpida da madeira que é feita na lixadeira de cinta. A sensação de que a madeira está flutuando é uma referência arquitetônica espontânea.

O que mais me marcou foi a primeira feira que eu fiz, fui muito insegura e saí feliz. Isso definitivamente foi decisivo para eu respirar fundo e ter a certeza que estou no caminho certo.
É muito gratificante também quando alguém diz que conhece sua marca, ou quando você encontra alguém usando uma peça sua.


Difícil nomear exatamente, porque a lista é infinita. Mas nos últimos tempos eu ando admirando muito o trabalho da Jenny Wu em sua marca LACE, as joias da Alison Jackson e as gravuras lindas da Christiane Spansberg. Eu amo a estética minimalista japonesa e a filosofia Wabi-Sabi.
O reflexo não é direto, mas com certeza ele está lá, numa mistura de influências que se maturam até se tornar uma forma original.

Acredito que as pessoas ainda duvidam muito da capacidade da mulher de fazer algo por elas mesmas, de ter uma forma de expressão artística e ser feliz com isso. Sinto que todos cobram muito mais as mulheres sobre suas decisões, e quando uma mulher está focada no seu trabalho, ela é considerada egoísta, enquanto os homens são considerados ambiciosos.
Estar junto das pessoas que eu amo, tocar piano, cachorros e produzir sem ter de me preocupar com o tempo.


Não se preocupe com o que os outros falam de sua produção, e também não se desespere para chegar num resultado final perfeito. A imperfeição também é bela, e principalmente, humana.

Estou estudando outras possibilidades com metais, produzindo texturas através da manipulação do fogo e procurando desenhar peças que tenham pedras cravadas, dentro da identidade da marca.
Estou também fazendo uma série de pares de aliança personalizadas. Não foi planejado, apenas está acontecendo e eu gosto muito, porque é um projeto diferente acontecendo sempre.
