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Cresci entre a cidade e o interior, com idas e vindas contínuas. Esse vai e vem formou em mim uma atração muito grande pelos mundos urbanos e da natureza.
Sou formada em Teatro, e nesse meio profissional descobri meu espaço como Arte Educadora. Trabalho com crianças e jovens, em processos criativos de Teatro. Desde pequena desenho o que sinto, vivo, imagino e assim me conecto.

Caneta nanquim, aquarela, guache, lápis de cor, papéis, tecido, máquina de costura.
Acredito que de alguma forma o que me inspira são os vazios, os ecos dos espaços, das dúvidas, das angústias, da natureza, das relações entre as pessoas e da cidade.
Antigamente meu processo criativo era completamente impulsivo, tinha uma inspiração e criava imediatamente, trabalhos pontuais. Hoje venho construindo uma nova relação com a construção das imagens. A princípio parto de algum tema, ideia e pesquiso referências, como textos, projetos, artes de diferentes linguagens, assim como retratos, fotos e no caso da presença de objetos, o objeto em si. Depois disso, começa a minha relação com o papel, construo um ou mais esboços, para então pensar na composição do desenho.


O convívio com as pessoas, com histórias, acontecimentos variados, convívio com alunos. Além de conviver com arte, trabalhar com criação. Acredito que as relações que tenho com as pessoas e esse aprendizado me mantém criativa.
E dormir bem faz muito bem para a minha criatividade também.
Às vezes crio séries de desenhos, ou percebo que existe uma conexão entre desenhos de diferentes fases, quando percebo essa conexão entre desenhos, como um sentido ao longo dos tempos que não foi planejado, fico pensando nesses paradoxos criativos, dos caminhos da vida, como se estivesse descobrindo algo novo em mim, nas minhas experiências. Por esses tempos encontrei nas minhas criações o mar e as tempestades que vivi.
Outro projeto preferido que tenho, é a série “Mulheres”.
O momento decisivo foi quando percebi e aceitei que minha via de expressão e elaboração de mundo vem através da criação de imagens, desenhos.
A parte da carreira com os desenhos, vem sendo construída aos poucos, com muito cuidado e carinho. Como são criações autorais, bem particulares, venho estudando maneiras de não romper com esse percurso.


As referências são transitórias, às vezes me aproximo de uma obra específica. Visito com frequência a obra de Frida Kahlo, alguns anos atrás fiquei obcecada pela obra “O Bananal” de Lasar Segall, assim como “O Nascimento de Venus” de Botticelli. Um ilustrador contemporâneo que venho me aproximando e gostando cada vez mais é o Christoph Niemann e Wolf Erlbruch, autor do Livro “ O Pato, a morte e a Tulipa”, seu trabalho é delicado e profundo. Vale a pena conferir.
Eu sinto preconceitos em relação as mulheres em todas as esferas. Pontualmente nas ações da minha criação, não sinto, acredito que seja em função de participar ainda de uma espaço bem particular de criação.
O encontro com a diversidade, com pessoas, perceber o desenvolvimento de alunos. A arte me faz feliz sem dúvidas, apreciar, mediar e criar. Também os amigos, família, muitas coisas me fazem feliz.
Realizar, agir. Às vezes os planejamentos, as críticas e autocríticas bloqueiam esse diálogo com a criação. Criar é bagunçado mesmo, agir por impulso e “se jogar” pode ser uma boa para movimentar-se rumo às criações e projetos.
Outra parte bonita que ajuda são as parcerias e diálogos, encontrar nesse mundão pessoas com quem possamos conversar sobre os processos criativos em si.
Por agora as criações de novas séries estão aglomeradas em mim, em breve se transformam em desenhos. Mas para quem quiser me conhecer, venho participando do Jardim Secreto Fair, meus desenhos também estão na loja Nós Lunares.
