Vieira
Me chamo Hellen, sou artista plástica e professora de arte, me formei em artes visuais e atualmente estou me especializando em audiovisual e cinema. A forma como lido com a vida sempre me definiu bastante, a análise faz parte das minhas decisões, a arte apareceu a partir daí, depois de muitas análises intrínsecas, pois sabia que era algo muito forte para lidar, abracei e atualmente faço dela a minha profissão.

Recortes de revistas, óleo, acrílica, papel, telas em branco e já utilizadas, paredes, o corpo e fotos, estão em minhas obras, seja esses materiais por inteiros ou seus fragmentos.
Não tem algo específico que me inspira, o mundo me inspira, minhas interações, influências, a ânsia por produzir e dividir com meus colegas, pequenas felicidades do dia, feridas, como disse, não é algo singular.
Meu processo criativo está ligado à minha vivência, peculiaridades, não tem como fugir disso, o resgate pessoal acontece a todo momento. Me entrego plenamente aos meus projetos, inserindo minhas dores, felicidades e influências do mundo. Minhas criações atuais são diferentes de tudo que já fiz, colocando em mim uma carga maior de criação.
Estudar! Com certeza, a busca por referências é diária, claro que há frustrações, ainda mais quando a vontade de produzir está alta. Posso dizer que ser professora me traz um pouco de vantagem para crescer no aspecto “criatividade”, pois se eu não estudar não posso ensinar e, os alunos são curiosos, perguntam a todo tempo, isso aumenta o desejo em saber para ensinar.


“Imagiologia médica” é a minha realização, neste projeto pude produzir diversos trabalhos plásticos utilizando radiografias e tomografias, tentando encontrar um método para unir a arte e a ciência além da teoria, durante o processo conheci diversos artistas e pesquisadores que assim como eu tinham a angustia do afastamento destas duas vertentes. Pude explorar o corpo humano através da arte.

O fim da graduação em artes visuais me trouxe um grande impacto, temos aquela grande questão sempre no fim de qualquer coisa, “o que farei agora? ”. Eu sabia o que queria fazer, sabia como lidaria com minhas angustias, mas não sabia como isso iria se aplicar nas minhas produções, pequenas peculiaridades me ansiavam. Tudo ficou bem.


O renascimento e as vanguardas europeias sempre me fascinaram, não trazendo influência direta para o meu trabalho, mas me impactando como um carinho de mãe, mas atualmente artistas como Basquiat e Andy Warhol estão intervindo diretamente em minhas atuais produções, não sei como será daqui um ano ou até mesmo daqui duas semanas.
Não tem como não sentir o impacto que a sociedade causa na liberdade da mulher, até porque essa “liberdade” acontece com menos frequência do que deveria, nós mulheres ainda somos contestadas em todos os espaços que habitamos, o meio artístico não fica fora dessa, infelizmente. Na história da arte por exemplo, poucas mulheres aparecem até o modernismo, os livros de arte citam poucas artistas, mas sabemos que elas estavam lá. É um processo longo, mas estamos conseguindo conquistar cada vez mais o nosso espaço.


Minhas idealizações me fazem feliz, o começo de um novo projeto, seja ele singular ou coletivo, a poética do mundo me deixa em êxtase.
Dedicação e coragem são sempre as melhores dicas, temos que colocar nosso nome em todos os espaços, fazer parte da cena, seja ela qual for.


Meu projeto mais recente se chama “Mult-facial” nele retrato as várias faces do meu eu em um processo frenético de disporia criativa. Mostrando a visualidade que veio do meu âmago. De modo peculiar, com o uso da tinta acrílica, tinta óleo, recortes e a tela invertida, combino as cores sem a preocupação estética voluntária do combinar, usando-as, também, como sustentáculo na representação dos sentimentos.
