Gondo
Meu nome é Camila, sou designer, artista, amante de café e adoro materializar histórias das pessoas em pinturas.
Nasci no Brasil, mas me mudei para o Japão no primeiro ano com os meus pais, onde passei 4 anos de minha infância. Morei em Portugal por uns anos para o Mestrado de Moda e acabei me apaixonando por Lisboa. Acredito ser um dos anos mais importantes, pois comecei a investir bastante tempo nas aquarelas e no desenho. Consegui praticar dentro e fora das aulas e até participar de um desfile de moda.
Sinto que até hoje as minhas artes autorais tem influências destes 3 países que fazem parte da minha história.
Afinal, não somos a soma de todas as nossas vivências?

As minhas ferramentas principais são aquarela, acrílica, nanquim, marcadores e também o digital.
O ato de criar já virou um hábito para mim. Eu preciso desenhar em alguma hora do dia, nem que seja um rascunho, pois é a minha principal forma de expressão.
A inspiração vem de formas diversas como uma boa conversa, uma música, uma situação do cotidiano, um filme, um livro, um lugar novo. Qualquer situação que desperte um sentimento.

Começa sempre com uma xícara de café. Mantenho sempre um caderno de anotações e escrevo tudo o que vem na minha cabeça: ideias, planos e sonhos. Enquanto tomo o café escrevo e dou uma lida nas anotações coloco uma música para me concentrar.
Depois desse momento mais introspectivo, vou trabalhar nos projetos. Vejo o briefing, releio anotações das conversas com os clientes, pontos importantes e vejo como posso traduzir todas as ideias em arte.


Busco fazer coisas novas, atividades diferentes, explorar lugares novos.
Observar. Escrevo sempre no meu caderno, coleto novas referências, textos, poesias, imagens. Sair para sentir a cidade, o movimento, descobrir novos padrões. Ir à livrarias. Fazer workshops de temas diversos. Viajar.

Não tenho um projeto favorito, sinto que cada um faz parte de um processo.
Mas ultimamente estou bem animada com os murais que tenho feito. Eles são especiais por retratar sempre algo particular das pessoas, o convívio com os clientes durante o processo da pintura é incrível. Uma superfície, uma iluminação e um contexto diferente são sempre desafiadores para mim. E me sinto muito honrada em todos eles, por terem confiado para materializar em pinceladas e traços algo tão único dessas pessoas.

2013 foi um ano bem marcante.
Em Lisboa morei em uma casa com mais 8 estudantes de países diversos como Itália, República Tcheca, Estônia, Polônia e Inglaterra. Era tudo muito surreal e todos os dias havia pelo menos um aprendizado novo. Cada um falava de sua origem, gastronomia, lugares a serem visitados, jogos e histórias, muitas histórias.
E ali todos ficavam intrigados comigo. Como uma pessoa que se diz brasileira tem traços tão asiáticos?
Eu nunca tinha sido tão questionada sobre a minha nacionalidade.
Diariamente estava explicando a história da Segunda Guerra Mundial, período de imigração das famílias japonesas no Brasil, que embarcaram e enfrentaram mais de 50 dias dentro de navios em busca de uma vida melhor.
O questionamento frequente sobre “quem você é” me intrigou muito.
Esse período me fez pesquisar muito sobre essa história, a cultura, a língua, questionar hábitos e inserir novos. E consequentemente serviu de inspiração para muitos trabalhos de criação durante a faculdade de Design de Moda. Eu precisava expressar de alguma maneira todo aquele conhecimento que estava absorvendo.
E até hoje é tema de muitos dos meus desenhos autorais. O feminino e a influência desses países que de longe parecem não ter ligação, mas que no fundo todos se relacionam de alguma maneira.

Egon Schiele, Conrad Roset, Charmaine Olivia, Paula Bonet, Laura Laine, Audrey Kawasaki.
Gosto da maneira como eles conseguem transmitir uma sensibilidade única através da distorção de seus personagens e pinturas.

Felizmente nunca senti nenhum preconceito em relação a isso.


Pintar.
Tomar um bom café.
Descobrir comidas novas.
Estar cercada de pessoas que admiro.
Ter experiências diferentes.
Fazer listas.
Riscar itens da lista.
Viajar.
Aprender algo novo.
Cantar.

Teste suas ideias!
A gente sempre procura os “meios perfeitos” para iniciar um projeto, mas na verdade nunca vai existir um cenário perfeito. Faça protótipos, melhore conforme o tempo, desse jeito a evolução é muito mais dinâmica e fluida. Dificilmente você vai estar satisfeito com todas as suas competências.
A minha sugestão é: Comece. Comece com o que você tem. Todo mundo que você conhece começou com mil fatores limitantes. Não deixe isso te impedir de fazer.


Tenho 3 projetos em mente:
- Um que envolve o tecnológico com o analógico. Unir a experiência que tive com máquinas de FabLabs com a pintura. Podemos obter resultados únicos com cada uma dessas técnicas.
- Outro projeto pessoal para o ano que vem que envolve viagens e murais.
- E por último o sonho de fazer uma exposição individual.
Foto do perfil/divulgação e foto 1 por André Ramires