Denardin
Chamo-me Anna, tenho 21 anos e nasci e cresci em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Minha relação com a arte começou na infância, passava boa parte do meu tempo desenhando e colorindo. Sempre tive dificuldades em me expressar por ser tímida e encontrei na arte uma forma de colocar tudo pra fora.
Sou uma apaixonada por aquarela e ilustração com nanquim, além de me interessar muito pelo misticismo, sagrado feminino e o universo. Tento aliar meus interesses com a arte, fazendo uso em minhas ilustrações do simbolismo, do ocultismo e trabalhando com o subjetivo, o que o expectador interpreta daquilo que vê.

Principalmente a aquarela e o nanquim. Por vezes gosto de fazer aquarelas fluidas e orgânicas, deixando a tinta me levar e usando materiais alternativos como café, sal e álcool. Outras vezes sinto vontade de ilustrar com nanquim, de maneira mais regrada e rígida, com hachuras e muitos detalhes.

A natureza, os sonhos, o oculto, o místico, o feminino, a magia, a lua, as estrelas, o universo, a ciclicidade, o início, o meio e o fim.
Tudo que leio, pesquiso, converso e aprendo com outras mulheres se torna inspiração. Minha maior motivação é conseguir contar uma história com aquilo que ilustro, não produzindo uma arte rasa. Conseguir tocar as pessoas de algum modo.


Normalmente a ideia surge a partir de alguma simbologia, história ou lenda. Com isso vou juntando referências, tentando construir uma nova leitura em cima delas baseado na ideia inicial, que às vezes é modificada ao longo do percurso, às vezes não. Gosto de buscar referencias na bruxaria e no oculto, por se tratar de um tema com muito conteúdo, além de me fascinar por ter esse mistério e profundidade.
Exercito meu olhar, pois tudo que vejo e vivencio contribui com uma parte do meu trabalho. A leitura e o estudo também sempre me dão ideias. Quando não consigo produzir costumo tirar um tempo, contemplar a natureza e meditar um pouco.

Recentemente fiz uma série de ilustrações para o Lunário da Mulher Selvagem, focando no sagrado e na ciclicidade feminina, na relação da mulher com a natureza, as fases da lua e as estações do ano. Esse processo me ajudou muito a me aprofundar nesse assunto que se tornou meu tema de trabalho. Foi uma experiência muito enriquecedora, acho que foi o marco onde descobri com o que e para que quero trabalhar, que mensagem quero passar com minha arte.

Tive dois momentos, ou duas mulheres que foram decisivas na minha vida como artista. Sempre gostei muito de desenhar quando pequena, porém depois que entrei no colégio parei e esqueci-me dessa atividade que tanto me satisfazia. Até que em 2014 me deparei com um vídeo da Agnes Cecile, uma aquarelista italiana, fazendo um speed painting de uma das obras incríveis dela. Apaixonei-me e na hora senti vontade de experimentar aquele material e voltar a mexer com as tintas. Talvez se eu não tivesse me deparado com aquele vídeo eu nem sequer seria artista hoje.
Depois disso comecei a aquarelar com frequência e até comecei a expor em alguns eventos da cidade, porém ainda não havia me encontrado como artista, sentia que faltava uma identidade e queria me prender a um tema, ao invés de ficar desenhando coisas aleatórias, que apesar de bonitas não diziam nada sobre mim ou não me identificavam. Queria achar um estilo próprio. Foi aí que recebi um convite da Carol Ferreira, que dentre tantas coisas é terapeuta menstrual, para ilustrar os quatro arquétipos femininos, além de ilustrar as fases da lua. Depois de terminar, percebi que era aquilo que eu buscava, amei fazer aquelas ilustrações. No fim das contas o tema apareceu naturalmente para mim, em vez de eu procurar por ele.

Minhas principais influências são o feminino, o místico e a natureza. Carrego uma bagagem de artistas que me servem de inspiração constante, como a Agnes Cecile, Alphonse Mucha, Audra Auclair, Bill Crisafi, Marina Mika, Adrienne Rozzi, Rotten Fantom e Chana de Moura.


Talvez algumas pessoas achem minhas ilustrações muito obscuras, o que difere do meu ponto de vista, vejo muita beleza e profundidade nos mistérios desse tema que carrego. Além disso, ainda é pudor falar de muitos temas cotidianos da vida da mulher que eu retrato, como a menstruação por exemplo. Apesar disso ainda não senti diretamente um preconceito pelo público, porém sei que minha arte não agrada a todos (o que sei ser impossível).
Viajar, estar em contato com a natureza, amar, estar com pessoas queridas, conhecer novas culturas, tomar banho de mar, rio e cachoeira, apreciar e produzir arte.


Liberte-se dos seus medos e vergonhas e faça aquilo que te preenche, que te faz sentir completa. Sempre haverá pessoas que apreciarão seu trabalho e outras não, por isso não tente agradar os outros, se expresse por você mesma. Acredite em ti, no teu potencial criativo, se dê um tempo para entrar em contato com sua criatividade e sua essência.
Acabei de lançar com outras cinco mulheres o Lunário da Mulher Selvagem, um diário menstrual que relaciona as fases da mulher com a ciclos da natureza e com os arquétipos femininos. Ilustrar o Lunário me proporcionou uma maior compreensão de mim mesma como mulher e como artista, então sou muito grata a esse projeto. Estamos agora no processo de venda e divulgação.