Dall’Olio Hiluy
Sou arquiteta atuante e professora universitária, tendo desde cedo vislumbrado a possibilidade dessa profissão me manter dentro da arte, uma vez que à época do meu ingresso na faculdade, não havia em nossa cidade uma faculdade de Belas Artes. Desde tenra idade tenho proximidade com as artes, seja como espectadora assídua de museus ou pelo frequente ingresso em cursos de técnicas diversas que me ampliaram o espectro de atenção e interesse, orientando um caminho de estudo autodirigido que acabou por me impulsionar cada vez mais para dentro da arte. Com o contato próximo à classe artística, o inevitável percurso para uma segunda profissão, tornando a prática artística mais profissional fluiu espontaneamente e de forma plena. Não posso esquecer o quanto a docência nos últimos anos me impulsionou para o lado lírico da arquitetura, que tem limite muito tênue com a arte.
Sou muito curiosa e gosto de aprender. Tenho muita determinação e disciplina. E considero que meus trabalhos artísticos tem a capacidade de criar diálogos com seus observadores, vitimando a minha timidez em falar de mim e expondo um crucial relato narrativo da minha interpretação de sentimentos e relações com as pessoas e o mundo.
É um processo gradual e longo, com investimento de tempo e recursos financeiros, a partir do momento em que passei a priorizar as visitas às lojas de materiais artísticos, além das galerias e museus, durante viagens. Conhecer novos materiais e de melhor qualidade, que se transformaram em souvenirs, facilitou a transgressão do amadorismo para o profissionalismo, em algum momento.
Em certo momento, o artista e amigo Gerson Ipiraja me convidou a participar do Coletivo In-Grafika, um grupo de artistas gravuristas unidos pelo ofício da gravura e com a intenção de pensar sobre as possibilidades que a gravura tem, além de expressão regionalista. Uma força de movimento de resistência contra o isolamento e esquecimento da gravura e com o intuito de fortalecer sua inclusão dentro da contemporaneidade, sem perder o compromisso da ética da gravura. Gerson Ipiraja foi a mão estendida e o olhar sensível que me transportou de um lado para o outro.
Viabilizei um ateliê em casa e a produção mais frequente e de melhor qualidade passou a ser apresentada nas redes sociais como uma vitrine. Passei a postar cada obra finalizada, e fui percebendo empatia de amigos e seguidores. Finalmente fui vista pelo amigo e Marchand Newton Whitehurst, que me convidou para fazer parte da sua seleção de artistas do Menu das Artes, o que me orgulha e me alegra, tornando-se um estímulo à produção.