Brant
Nasci no interior do estado e passei grande parte da minha infância em uma casa rural, cercada de natureza. Sempre fui muito experimentadora e ativa. Meu interesse pela arte se despertou ao longo da vida, desde a criação de cenários e roupas para meus brinquedos. Durante meus vinte e poucos anos comecei a testar algumas técnicas e em 2010 fiz um curso de fotografia, passando a atuar profissionalmente nessa área. A fotografia me abriu o leque de visões e passei a interagir de forma mais profunda com as outras artes. A partir daí fiz alguns cursos em São Paulo e Rio e estudei o campo da intervenção analógica em fotografia. Gosto de viajar para obter diferentes experiências estéticas.
Sou uma pessoa inquieta. Não consigo deixar minhas ideias por muito tempo no campo imaginário. Adoro materializar o que penso, mas não me vejo como alguém do tipo “pé no chão”... Apenas tento canalizar minha vontade em atitudes que possam me realizar à medida que experimento, tanto na arte como no meu convívio com amigos e família.

Máquina fotográfica, tinta aquarela, fogo, linha, agulha...

A paixão. Sempre penso muito nisso antes de escolher uma paleta de cores ou tomar alguma decisão profissional. O amor próprio, entre mãe e filhos, por objetos afetuosos, pelas pessoas, ambiente, cores, paisagens e outros afagos que a natureza nos dá. A imagem para mim é algo extremamente poderoso e apaixonante. Tento receber um pouco dessa força criativa da luz para tentar alcançar o belo.


A música me conecta. Preciso de música e tento trabalhar em um ambiente calmo. Gosto de buscar uma relação com a obra durante todo o processo. Às vezes começo com a ideia inacabada e vou me inspirando à medida que faço. Outras vezes fotografia e intervenção já vem pronta na mente e quando começo a desenvolver, tudo muda.
Tudo me mantém criativa. Não tenho uma prática específica pra isso. É um processo contínuo... Maternidade, mudanças, ciclos... A criatividade está aí, em todas as coisas. Vivo aprendendo a encontrá-la.


Gosto de todos, mas sinto que ainda estou em busca de uma qualidade ideal. Cada trabalho tem um valor para o momento ou motivo da criação. Tenho um apreço especial pela exposição “Contos” que realizei em 2014, com a curadoria da Carolina Amorim. Reuniu muitas técnicas, ideias e sentimentos, construídos ao longo de anos de trabalho.


É difícil escolher um momento específico. Tudo foi válido. Para citar um, no ano passado participei de uma vivência incrível durante um encontro com outras mulheres na Bahia, durante três dias. Fez toda a diferença no processo criativo e em várias concepções pessoais.
Minhas influências vêm de muitas artes distintas. Tento reunir as variadas expressões na construção de um estilo pessoal. Admiro o trabalho de gente como Alia Penner, Jose Romussi, Carine Wallauer, Shae DeTar, Carolina Amorim, Sergio Larraín, Devendra Banhart, Alexandra Valenti...


O preconceito ainda existe sim, mas não passei por isso em minha carreira. Sempre fui muito respeitada e nunca me senti comparada por ser mulher. Se aconteceu, não percebi.
O sorriso dos meus filhos.
Se conheçam. Não existe poder nesta terra maior do que a criatividade que habita o corpo da fêmea. Dediquem-se em entender seus ciclos naturais e seus sentidos mais íntimos. Façam isso em grupo, junto com outras mulheres. Ouçam e convivam com mulheres mais velhas. A sabedoria ancestral feminina é muito inspiradora.
Estou há mais de dois anos trabalhando em um projeto que comunica o feminino, utilizando bordado e outras técnicas em fotografia impressa. Algumas obras não estão recebendo intervenção. Tenho a intenção de homenagear a escritora e psicanalista Clarissa Pinkola Estés em uma exposição que trace um paralelo visual à sua obra. Estou muito empolgada e ansiosa. Talvez a exposição ocorra ainda este ano. Vamos ver o que acontece.
